Este cruzeiro estilisticamente popular e arcaizante esteve colocado numa bouça do lado esquerdo da velha estrada que seguia para o Porto e muito usada pelos peregrinos que rumavam a Compostela. Era fronteiro à forca instalada no Lugar de Areal de Cima no limite sul de Barcelinhos, onde hoje se situa o Loteamento dos Galos. Descreve iconograficamente a sobejamente conhecida lenda oitocentista do senhor do galo, o mais conhecido milagre de S. Tiago, quando a inocência de um alegado criminoso foi provada pelo cantar de um galo assado que o juiz se preparava para comer. Na parte da frente do padrão pode-se observar um homem com uma corda bamba amarrada ao pescoço, amparado pela figura de S. Tiago. Na face oposta, em cima, a lua e o sol, com a figura de Nossa Senhora e S. Bento. O cruzeiro é rematado por uma cruz com Cristo crucificado, tendo na parte da frente um galo e na face oposta um dragão. A sua construção deverá datar de inícios do século XVIII, já que a instalação da forca naquele local ocorreu em 1712, e não do século XIV como indica a legenda em azulejo. A Lenda do galo está associada ao cruzeiro do galo instalado no Museu arqueológico da cidade. Reza a lenda que os habitantes do burgo andavam inquietos com um crime cometido e o criminoso ainda era desconhecido. A chegada de um galego suspeito levou à sua condenação irrefletida. Apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditava na versão do galego em peregrinação a Santiago de Compostela. Condenado à morte, o homem pediu que o levassem à presença do Juiz que o condenara. Concedida a autorização, já na residência do juiz que, nesse momento dava um banquete aos seus amigos, o galego voltou a jurar inocência. Apontou para um robusto galo assado que estava sobre a mesa e proferiu o desabafo: “é tão certo eu ser inocente, como é certo esse galo cantar quando me enforcarem!”. Alvo de risos e gozo, o destino do homem parecia traçado. Já com a corda ao pescoço do homem, o galo assado ergue-se na mesa e começa a cantar. A inocência do condenado estava firmada, ninguém podia duvidar da sua inocência. O galego seguiu o seu caminho e anos mais tarde voltou a Barcelos onde mandou erguer o cruzeiro em louvor à Virgem Maria e São Tiago.