AS ORIGENS DA FEIRA DE BARCELOS
A feira de Barcelos tal como a conhecemos hoje é o resultado de um processo evolutivo sofrido ao longo de varios séculos, não se sabe ao certo como começou, nem como se fixou à quinta-feira. Sabe-se, contudo, que o motivo da grande popularidade que onstenta se deve à sua marcada ruralidade e à tradicional venda de “louça de barcelos” e artefatos artesanais locais. As suas origens permanecem incertas, porém é crivel que esta já se realizasse no século XIII, numa altura em que os cereais se avaliavam pela “medida de Barcelos” possivelmente, nesta época, ainda sem um local ou calendário fixo, mas é muito provável que tivesse um caráter quinzenal. Certo é que no ano de 1412, em carta de 19 de fevereiro, D. João I, a pedido de seu filho D. Afonso o 8º Conde de Barcelos, instituiu uma feira de ano a realizar entre os dias 1 a 15 de agosto no Campo do Salvador (atual Campo da Feira), conforme atesta a seguinte citação: “…D. Afonso I concedeu ao concelho de Barcelos uma feira franqueada anual, de quinze dias, de 1 de Agosto até ao dia de Santa Maria de agosto “por Noyte”, pois tivera informação que neste tempo ela não prejudicaria as outras feiras, “que se fazem”, e concedeu também que essa feira gozasse todos os privilégios e franquias que tinha a de Trancoso.” – In Virgínia Rau. Essa feira sofreu várias alterações ao longo dos tempos, mudando várias vezes a data da sua realização chegando a realizar-se em outubro e, em 1455, já se encontra documentada a sua realização por altura das comemorações do Corpo de Deus, sendo que a realização da feira nesta última data chegou quase ao nossos dias. No século XVI, assiste-se à expansão da vila de Barcelos para fora das muralhas, motivada pelo aumento populacional e pelo aparecimento miraculoso de uma cruz no chão das imediações do atual Campo da República em dezembro de 1504. Este acontecimento deu origem à romaria de 3 de maio e à afamada “Feira das Cruzes” realizada entre os dias 1 e 3 desse mês. A evolucão da feira de Barcelos, com o seu estabelecimento em local mais aproximado ao da atualidade, ou seja, nas imediações do Templo do Senhor Bom Jesus da Cruz e com cariz semanal, à quinta-feira, deverá remontar aos finais do século XVII ou ao século XVIII.
A FEIRA NOS SÉCULOS XX-XXI
A Feira de Barcelos foi até meados do século XX o palco de excelência de promoção das famosas louças de Barcelos e espaço priviligiado para inúmeros barristas que hoje fazem parte da galeria dos notáveis mestres da arte popular, como é bom exemplo Rosa Ramalho. A feira foi uma alavanca importante para a sustentabilidade, afirmação e promoção das louças de Barcelos e mais tarde dos barristas, e transformou-se num evento de notaridade europeia e mundial, em virtude do seu interesse turístico,etnográfico e cultural. A este facto não pode ser dissociada a figura do Galo de Barcelos que foi muito valorizada pelo Estado Novo como símbolo de identidade nacional, o que levou que a própria feira beneficiasse deste efeito dado que era um dos seus mais importantes palcos de divulgação. A feira sofreu um processo evolutivo decorrente das mudanças dos padrões de consumo. Manteve, contudo, na sua estrutura os argumentos de identidade que a fizeram crescer e ganhar notoridade. Neste contexto, destaca-se a continuidade dos talhões ligados às tradições cerâmicas e artesanais do concelho de Barcelos e a ligação estreita e umbilical ao mundo rural. Estas características fazem da feira semanal um evento de reconhecido interesse turístico, etnográfico e cultural único em Portugal.