A capela ou igreja de São Benedito foi construída no século XVI e faz parte do antigo Colégio Residência de Salvador, a primeira escola para meninos, inserida na Porto Seguro, em tempos de capitania. O colégio funcionou até 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil. Foi usada também como moradia de um professor até 1820. A capela resistiu até 1917, quando foram retirados materiais da estrutura para se construir uma serraria. A partir de 1973 foi tombada e inventariada, juntamente com os monumentos e sítios de valor histórico, pelo SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), atual IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A igreja localizada-se na rua Dr. Antônio Ricaldi, na Cidade Histórica de Porto Seguro, foi construída num campo aberto e cuja a paisagem também fazem parte, fileiras de casas coloridas, os quais recebem devotos, visitantes, estudantes, professores, guias e comunidade local.
A importância dos elementos carregados de materialidade e imaterialidade desse espaço, inseridos na Cidade Histórica de Porto Seguro sugerem ritos de sociabilidade e solidariedade entre os sujeitos, como os festejos em homenagens a Nossa Senhora da Pena, territorializado na Matriz Nossa Senhora da Pena, e a São Benedito, na capela ou igreja que recebe seu nome.
A invocação a São Benedito entre os porto-segurenses é organizada pelos fiéis que participam da igreja, do culto ao redor do Santo e pelos(as) paroquianos(as). Compõe a celebração uma missa festiva e a procissão que se movimenta e territorializa na Igreja de São Benedito. Há duas datas “devotivas” em torno do Santo, que se diferenciam nos espaços que se articulam: aos devotos em Porto Seguro, o dia 05 de outubro, e aos moradores de Arraial d’Ajuda, o dia 27 de dezembro, o que remonta às celebrações antigas, que se davam também nesta data.
A importância do entendimento sobre o culto e devoção a São Benedito, a existência até meados dos anos de 1980 de uma irmandade, os festejos e comemorações em torno desse Santo,nos lembra sobre a necessidade de se elencar o protagonismo a quem lhe é de direito, a população negra. A partir disso refletir sobre a transformação e os regimes de memórias (nos mais diversos suportes) e referências ao Santo, ao culto e à devoção em pesquisas sobre a história local e em ferramentas possíveis para o ensino das relações étnico-raciais dentro dos espaços escolares.